Pesquisa


Projetos Mais Acessados

  1. Comunicação e cultura na Johannes Keller Schule em São Caetano do Sul
  2. A Segunda Guerra Mundial no ABC e a trajetória de seus combatentes
  3. Ativismo feminista e questão racial
  4. Comunicação, Identidade e Memória na Comunidade Germânica no ABC
  5. Culturas e linguagem: metáforas em identidades, ritos e cerimônias nas
  6. Associações alemãs em São Paulo
  7. Punks do ABC: bandas, gangues e idéias de um movimento cultural...1980
  8. Risos e lágrimas:o teatro amador em Santo André na década de 1960
  9. O Grupo Teatro da Cidade: experiência profissional nos palcos do ABC..
  10. A alma feminina nos palcos do ABC: o papel das atrizes (1965 a 1985)

Todos os Temas
Todos os Projetos

Vera Lúcia Basso

Vera Lúcia nasceu na Moóca, capital, e veio para S. Bernardo do Campo em 1985, depois de se casar. Formou-se em administração de empresas no antigo Imes; em 1976, trabalhou em várias empresas do ABC e, desde 1986, é secretária administrativa da USCS. Vivenciou a ditadura militar na região. Imagem do Depoente
Nome:Vera Lúcia Basso
Nascimento:30/10/1954
Gênero:Feminino
Profissão:Administradora
Nacionalidade:Brasil
Naturalidade:São Paulo (SP)

Transcrição do depoimento de Vera Lúcia Basso em 29/11/2007

Vera Lucia Basso

Entrevista com Vera Basso, 53 anos, ao Núcleo de Pesquisas e Laboratório de Produções Midiáticas Memórias do ABC/USCS. Entrevistada por Vilma Lemos e Raquel Nantes Tavares, em 29 de novembro de 2007, na USCS

 

Vera Lúcia: Eu nasci na cidade de São Paulo, no dia 30 de outubro de 1954.

Vilma: Fale um pouquinho dos seus pais, seus irmãos, da família de um modo geral.

Vera Lúcia: Bom, meus pais são filhos de italianos. Eles nasceram no interior de São Paulo. Meu pai é da região de (???) e minha mãe da região de (???). Depois eles vieram para a cidade de São Paulo, bairro da Moóca até se casarem , depois que se casaram moravam na Vila Prudente , tiveram três filho, meu irmão (??), minha irmã é formada em Letras na FAE, Ipiranga e eu também sou formada pelo IMES em dois cursos.

Vilma: Que cursos você fez no IMES, quando?

Vera Lúcia: Eu fiz em 1976, Administração de Empresas, após ter feito dois anos de Psicologia na UNIP. É...gostei, fui trabalhar na parte de Comércio Exterior para (???).

Vilma: Fale um pouquinho da sua.... de quando era criança, quando vieram para cá, como que era, como era?

Vera Lúcia: Eu conheci praticamente São Caetano do Sul, quando já estava na adolescência. Eu vivi( ???) aqui em São Caetano. Era o local que minha mãe deixava...da Vila Prudente era o lugar mais perto, não tinha tanto risco de vir a São Caetano. E aqui a gente passeava um pouco, lá..lá na região do cinema e depois a gente voltava para casa pra dormir.

Vilma: E por que vinha de lá para andar aqui?

Vera Lúcia: A nossa região só tinha alguns cinemas...tinha dois cinemas na Vila Prudente e não eram muito bons. O cinema um pouco melhor era na Vila Zelina, onde a gente via os rapazes. E aqui é que passava os melhores filmes e a programação era melhor e a que passava os melhores filmes e o movimento também era maior para jovens de nossa idade.

Vilma: Fala um pouquinho da sua escolaridade.

Vera Lúcia: Bom, eu iniciei o curso primário na época, lá na Vila prudente, depois fiz o ginásio lá no colégio Comercial José de Anchieta, posteriormente eu fui fazer o Colégio no colégio Antonio Firmino de Proença, no bairro da Moóca, na Moóca. Meu sonho era ser médica, fui fazer cursinho e fiquei durante um ano, fiz cursinho para medicina. Até que de repente, eu desencantei e falei assim: É muita gente pra fazer medicina e eu achei que (??) numa faculdade particular. Aí eu desisti, prestei para Psicologia, fiz dois anos , gostava demais do curso , mas por influência da minha irmã, que trabalhava aqui na cidade de São Caetano, tinha acabado de se casar, estava indo embora para o Nordeste; ela achava que eu tinha que trabalhar: “ Vai trabalhar! Você vai ganhar mais independência. “ Aí ela me inscreveu no vestibular do IMES e eu (??) vim para cá com a intenção de fazer administração de noite e Psicologia na parte da tarde, que eu já estudava. Fiz durante alguns meses, durante acho que uns trinta dias aproximadamente, e após trinta dias (??). Aí eu abandonei o curso de Psicologia, nunca mais voltei, adorei administração...

Vilma: (Incompreensível)

Vera Lúcia: ( Incompreensível)

Vilma: E seu primeiro emprego foi?

Vera Lúcia: Foi numa transportadora no bairro da Vila Mariana.

Vilma: São Paulo?

Vera Lúcia: São Paulo.

Vilma: Qual foi o transporte para vir Vila Mariana para ( Djalma??).

Vera Lúcia: Eu tinha carro já naquela época.

Vilma: Entrava a que horas?

Vera Lúcia: Nós entravámos ás vinte horas e terminava as aulas ás 23 horas. Nós tínhamos aulas aos sábados.

Vilma: E havia professora mulher naquela época?

Vera Lúcia: Praticamente não tinha> Eu tive uma única professora mulher durante o meu curso, quatro anos, que foi a professora Neide que está aqui até hoje. Depois quando eu fiz Comércio Exterior, eu tive duas professoras mulheres. Uma era dona Haydé, que dava aula de Inglês e a professora Cidinha que dava aula de Francês.

Vilma: Havia, então , Francês e Inglês na grade?

Vera Lúcia: Sim.

Vilma: E ... fala um pouquinho da classe, quantos vocês eram...tinha muitas colegas mulheres na sua sala?

Vera Lúcia: quando entrei no IMES, assim muitas meninas e a noite masculino. Era divertido, muito divertido nessa escola. E assim era no prédio B que vocês conhecem , era no andar de cima; era bem engraçado porque a lanchonete era no pátio, então a gente descia as mulheres desciam e os homens ficavam todos..os rapazes na parte de cima olhando as mulheres. Era uma paquera violenta! Eram realmente muitos homens e poucas mulheres (ri).

Vilma: E esses eram jovens como os alunos hoje ou eram...

Vera Lúcia: Não, era um pessoal mais maduro, a idade média no primeiro ano era em torno de vinte três anos, idade média. Eu lembro bem porque fizeram uma pesquisa na época. Havia muitos homens casados, bem empregados...nas indústrias da região, muito bolsistas da General Motors, muitos bolsistas da Ford, da Volksvagem, que naquela época tinham carência de mão de obra com curso superior. Então as empresas pagavam faculdade pra eles, (??) de determinados valores. Então, a gente percebia que o pessoal vinha em busca do diploma porque eles já estavam num certo grau, em cargos de chefias, a empresa precisava pra cargos de gerentes! Então eu trabalhei, estudei com pessoas já bem sucedidas, tanto que em trinta dias de faculdade já tinham me arrumado um emprego.

Vilma: Os próprios colegas?

Vera Lúcia: Os próprios colegas da escola.

Vila: Como chamava o emprego?

Vera Lúcia: Transportadora Trampex.

Vilma: E era na Vila Mariana?

Vera Lúcia: N a Vila Mariana.

Vilma: Você já tinha carro?

Vera Lúcia: Já tinha carro.

Vilma: E esse carro foi seu pai que deu?

Vera Lúcia: Foi meu pai que dei.

Vilma: Você se lembra do Paulo Roberto? (??)

Vera Lúcia: Hum! (??) falaram pra mim.

Vilma: Conta um pouquinho o que ele fazia, quem era o Paulo:

Vera Lúcia: O Paulo.. o Paulo foi um dos alunos mais conhecidos dessa faculdade porque ele estudava (???) não sei, no mínimo de oito a dez anos. Então ele não conseguia se formar. Já era um fato pitoresco, ele não conseguia se formar.

Vilma: Porque você acha que ele não se formava? Vera Lúcia: Ele não se formava porque ele se dedicava ao esporte e ele só pensava nas atividades atléticas da Associação Acadêmica, que naquela época a Associação Atlética não era desvinculada, ela era um departamento do DCE Acadêmico e em 1988 houve o desmembramento, então separou a gestão do DCE coma Atlética que passou a ter autonomia da Universidade. Então naquela época (???) deu aquela briga, conseguimos fazer.

Vilma: É verdade que ele lia a sorte?

Vera Lúcia: Sim.

Vilma: Ele chegou a ler sua sorte?

Vera Lúcia: Não, mas a gente..eu percebia que ele (???). Mas, o que mais me marcou foi...a gente ás vezes ficava na faculdade (??). Ia tudo embora e ele conseguiu fazer amizade com os vigilantes que naquela época eram funcionários do IMES e conseguiu (??)>

Vilma: O IMES não era fechado?

Vera Lúcia: Não... ah ah...dos dois lados aqui na Goiás, era uma rua, era fechado bem fechado por uma porta pantográfica que existe até hoje. Então (??? Não tinha como entrar e saí??). De noite era fechado e muito bem guardado (???) . Mas na maior amizade, eles conseguiram , com jeito e voltaram a permanecer e faziam o campeonato de ...truco, né! E ali eles faziam escondido! Até que um dia, o professor Claudio...

Vilma: Dalanese?

Vera Lúcia: Cláudio Dalanese, desconfiou e baixou ali de madrugada... era o diretor da época..ele desconfiou apareceu umas horas e ele só via estudantes por ali, fumando ali pela lateral, que hoje é (???) do nosso pátio que hoje tem aqueles tijolos furadinhos; ali era aberto, aprecia uma sacada, onde a gente ficava ali olhando pra fora, todo mundo pulando por ali como se fosse da faculdade, entrava lá se divertindo.

Vilma: Você fez parte do time das mulheres daqui.. de jogo de vôlei, basquete...

Vera Lúcia : Não, não.

Vilma: Não? Conta um pouquinho como foi trabalhar...estar aqui no IMES, como foi?

Vera Lúcia: Bom, é..

Vilma: O primeiro emprego, seus colegas arrumaram.

Vera Lúcia: É. Eu, quando vim fazer Comércio Exteriores; no último ano eu acabei fazendo parte do Diretório Acadêmico, o DCE dos estudantes, mas antes era Diretório Acadêmico. É..eu, o (?? Nome de uma pessoa), uma porção de pessoas. Então aquela época, o ( DAF??) era totalmente independente, não dependia da Instituição.

Vilma: DAF era Diretório Acadêmico Quatorze de Outubro?

Vera Lúcia: Quatorze de Outubro

Vilma: Símbolo?

Vera Lúcia: Ainda tem . Ainda tem (??). Então, como naquela época a gente era independente, por conta própria...

Vilma: De onde vinha a verba?

Vera Lúcia: A verba vinha de trote, do calouro; ele tinha que comprar convite para o baile—baile dos calouros ; a gente fazia convites pra venda, o baile ficava lotado. Nós também vendíamos coisas para os alunos, dávamos kits para os alunos e eles tinham que vender e parte desse dinheiro ficava para o Diretório Acadêmico. Todo o sistema de cópias de xerox era feito...o mimeógrafo-naquela época era mimeógrafo---era feito no Diretório Acadêmico e todo a verba era revertida pra ele. Então, quem ??) entrava a receita e o que era recebido era registrado dentro do Diretório Acadêmico, trabalhando ativamente. Na época os professores usavam muito apostilas e todas as apostilas era rodadas dentro do Diretório Acadêmico. Então a gente tinha uma receita muito grande. Além disso, todo ano tinha show no pátio; a gente fazia shows mara- vilhosos (??) na época estava no auge, tantos outros que vieram cantar no IMES trazidos pelo Diretório Acadêmico.

Vilma: Aberto?

Vera Lúcia: Aberto! Aberto para a comunidade. Bem, na época, bastante participação da comunidade.

Vilma: É repressão, ditadura?

Vera Lúcia: Bom , eu já entrei numa época... justamente era ditadura, então não tinha muitos movimentos. Na época do Diretório, nós não podíamos pensar em nada nessa parte política, a gente tinha um pouco de medo. Eu peguei aqui uma manifestação do Diretório Acadêmico... aliás, peguei duas..uma na greve aqui de um dia só, que acabou tendo uma reformazinha no IMES, pequena ! É a segunda, foram os alunos de Ciências Sociais que enterraram o curso. Foi quando o diretor decretou que não ia ter mais o curso de Ciências Sociais.

Vilma: Quem era o diretor?

Vera Lúcia: Era o professor...se não me falha a memória, era ( nome do professor??). E aí , os alunos inconformados com a extinção do curso fizeram uma manifestação muito engraçada até na época.

Vilma: Quantos professores tem...esses professores ainda estão aqui? Quais são os meus colegas, nossos colegas?

Vera Lúcia: Estão...dra Neide..professor Didoni (??) , Láercio, professor Moacir (??) Bellotto...

Vilma: É o diretor desse período foi o Cláudio Dalanese.

Vera Lúcia: Foi o Cláudio Dalanese e o.. professor Bellotto. Eu peguei (???) a gestão do (??).

Vilma: Me conta como foi a sua entrada aqui como funcionária do IMES.

Vera Lúcia: Eu tinha perdido meu emprego, estava desempregada e...

Vilma: Na firma que você trabalhava ...

Vera Lúcia: Na firma que eu trabalhava e não, da CBC Cartuchos, trabalhei na CBC Cartuchos.

Vilma: Que era aqui...

Vera Lúcia: Que era aqui no bairro de Utinga, na Avenida Industrial.

Vilma: Você fazia o que?

Vera Lúcia: Eu trabalhava em exportação... ( ??) exportações. E aí eu terminei a faculdade, eu tinha amizade com os professores, bastante amizade. Eu era uma pessoa bastante ativa e ia me trazer o meu currículo, dar para os professores. Na época, eu fui procurada pelo professor ( Orlando??) Correa, professor Leonel, que tinha sido meu professor também , professor Leonel que trabalhava na FIESP (??) e encontrei o Silvio---Minciotti-, que naquela altura era o diretor da faculdade. Passado um período, o Silvio me ligou e me convidou para trabalhar com ele. Ele tinha (??) na época. Ele tinha anos de funcionamento, estava funcionando precariamente, tinha acabado de passar para o prédio onde hoje é o (??) e o curso funcionava lá. E eles não tinham uma pessoa que cuidasse. Então ele me chamou para trabalhar com ele pra cuidar da Secretaria de Pós-Graduação. A princípio eu relutei porque era uma secretaria totalmente diferente com a minha profissão e isso me deu orgulho, porque ele chegou pra mime disse que estava contente (??) : “ Eu confio num aluno que saiu daqui e nos ensinamentos que você recebeu em sala de aula. Então você vai pegar gosto institucional.” Aí eu entrei, fiquei no pós três anos, trabalhando no pós-graduação que, naquela época era coordenado por um coordenador único de pós-graduação e ( Direito??). A primeira pesquisa na área econômico, o professor Djalma era o coordenador, sabe? Era da USP. Praticamente, eu e a Neusa—Neusa (???0 e a ( Gisele??) fizemos a primeira pesquisa na área econômica..Contratamos pesquisadores e (???).

Vilma: Você trabalhou na General Motors?

Vera Lúcia: Eu fiz estágio na General Motors, na área de RH no último ano da faculdade.

Vilma: E na Vilare também?

Vera Lúcia: Também foi estágio.

Vilma: E como foi?

Vera Lùcia: Foram ótimas. Naquela época (??) muito forte na região e a gente sonhava em trabalhar em metalúrgicas. Pra mim, foi um sonho realizado. Fiz estágio na metalúrgica, ganhei muita experiência, embora eu ache que estagiário ainda, na minha concepção, ainda continua sendo (??) emprego, aproveitam do estagiário (??) ganha experiència porque eles vivem no setor um treinamento certo, não é? Eles treinavam muito estagiários, eles faziam visita toda hora, de surpresa , mostrando aos funcionários (??). Então a gente começava a ver na prática, aquilo que a gente via na teoria dentro da universidade. Eu diria.. pra mim foi muito importante. Eu ganhei muita experiência nesses estágios. E.. não dentro da minha atividade que eu ambicionava na vida, naquela que eu queria trabalhar. Dentro da (??) setores, eu fazia papel de “ office boy”, mas dentro do contexto global da empresa, eu aprendi muito (???)>

Vilma: Quanto tempo de trabalho tinha na (??)

Vera Lúcia: Vinte e cinco anos... vai fazer agora em Março, praticamente.

Vilma: Descreva sua atividade, o que você faz hoje na Instituição.

Vera Lúcia: Bom, hoje eu fico no departamento administrativo. Eu trabalho no administrativo (??) no Departamento Administrativo da Instituição; é..eu tomo conta de toda a área administrativa e financeira da Instituição, almoxarifado, setor de compras, setor de pessoal, contabilidade (???) do IMES...também da parte de telefonia, serviços ferais da parte (??) . Tudo vinculado ao meu departamento.

Vilma: Você tem quantos funcionários?

Vera Lúcia: ( Ri). Deixa fazer uma conta rápida. Aqui..deve ter uns vinte e cinco. É uma área enxuta.

Vilma: De Instituto Municipal a Universidade, de estudante a funcionária..qual foi a sua avaliação?

Vera Lúcia: Bom, é..existe..a pergunta é muito boa... de aluna passeia funcionária. Quando você é aluna, você só pensa, geralmente, na sua parte acadêmica, na sua formação, você é mais amiga dos professores, outro tipo de relacionamento. Mas, agora você quando passa a ser profissionalmente da Instituição, você passa a enxergar o outro lado, você até ( se divide??). Aquilo que você achava: “ Ah! é direita ! “ Puxa vida você achava, não é tanto direito assim que o aluno é tanto direito assim que o aluno tem, tem também as suas obrigações. Então você começa a enxergar um outro lado que você não enxergava enquanto você é aluna, não é? E aí você começa a sentir também quanto é difícil muitas vezes, ser funcionário ser professor, que é o outro lado da moeda, que você não enxerga enquanto é aluna. Então a diferença é bem pequena mesmo, tá! O meu cargo (??) já tem muitos anos com alunos, mesmo sem funcionários. Trabalhei muitos anos que atendia alunos que tinham problemas de ordem financeira, mesmo mesmo com problemas de ordem emocional, ás vezes tinham que trancar matrícula, cancelar matrícula, durante muitos anos eles passavam por uma triagem , por entrevista, entravam na fila, passavam por entrevista (??) saúde.. Muitos alunos abandonavam a escola e continuaram no (??), a gente encaminhava, dava encaminhamento para esses alunos, a gente traçava um pouco o perfil. Falava com o coordenador, naquela época o chefe do Departamento, e depois o aluno era assim beneficiado. É..(??) é que (??) mas, a diferença entre alunos e funcionários é que todo funcionário tenta preservar a Instituição para que o aluno tenha o melhor na sala de aula. Esse é o nosso dever. A gente luta muito para dar tudo certo, que o aluno tenha tudo de bom na sala de aula. Esse é o objetivo.

Vilma: Como (??) nessa época que você falou aí em que o (??) aumentou o custo, o número e alunos com problemas financeiros..que época da Instituição?

Vera Lúcia: 1986. Eu lembro que em 1986 (???) na nova função, estava tendo experiência na nova função (??) de órgãos públicos; eles têm uma série de legislação que nós temos que seguir e onde eu tive que aprender muito, muito mesmo. E.. outro detalhe, você aprender bastante (??) foi um tumulto. Então (??) stress (??) e aí tinha várias reclamações de alunos da mensalidade e uma situação bem difícil e os alunos também (??????) primeiro emprego (???). Passado 1986, tiveram outras crises, 1989 (???) e assim de vez em quando o país tem uma crise no seu marcado e a Instituição sofre em relação a isso.

Vilma: A Instituição já funcionou de manhã, vespertino e anoite. E hoje só tem dois períodos. (???)

Vera Lúcia: Eu sinto falta da Instituição quando ela tinha esse período vespertino noturno. Fora queixa dos alunos que tinham aulas aos sábados, eu acho que era um horário que facilitava, dando oportunidade aos jovens que trabalhavam na Indústria Metalúrgica da região (???). As aulas que começavam ás dezessete horas mas nunca começava ÁS DEZESSETE. “ Por que não começa ás (???)?”. Então aqueles que tinham que sair correndo da General Motors, da CBC, das indústrias (???) das (???), naquela época tinha muitas indústrias (???) e eu percebia que havia envolvimento de alunos nesse período. Muito bem. É agora eu (??)...eu achava assim, os alunos que frequentavam essa faculdade, pelo fato de estudar aqui, aqui permanecia. Então ele tinha aulas e ele também permanecia. Então , se você tinha um evento no sábado, um show para os alunos (???). O aluno ia embora, não ficava na faculdade. Qualquer evento que você fizer após a aula, o aluno permanecia na faculdade. Então o aluno era mais integrado com a faculdade naquela época. E hoje seria (???) serviços (???) serviço itinerário (???) das oito ás dezessete, por exemplo um horário certo. Infelizmente é assim. Eu não sei se esse horário funcionaria mas eu acho que hoje é muito difícil para a Universidade ficar ociosa o dia inteiro e só pegar alunos a noite.

Vilma: Tinha aqui o curso de Ciências Sociais que se extinguiu . Por que?

Vera Lúcia: Por falta de alunos. O IMES foi criado para esse curso. Era faculdade de Ciências Sociais (???) e...era, senão me engano duzentas vagas. Tinha muita procura. E posteriormente, o IMES..ah ah (????) na região----na realidade fechou o curso da ISAM e São Caetano acabou tendo uma turma da ISAM quando foi...

Vilma: ISAM era Escola Superior de ?

Vera Lúcia: ... de Administração de Negócios.

Vilma: Em São Bernardo?

Vera Lúcia: É, em São Bernardo, na (???) de São Paulo, e na região do ABC, abrindo uma turma aqui em São Caetano que [e onde o professor Silvio e outros professores se formaram na época. E... essa escola foi embora e a Prefeitura acabou absorvendo na Faculdade de Ciências Sociais (???) mudando o nome de Instituição na época. Então o IMES foi criado. Então, o que aconteceu? Com o tempo, esse curso, em função da repressão, já estava ( desgastando??) a (???) país; esse curso foi sendo oprimido na época e deixou de ter procura. (?????) gradativamente a frequência de alunos, que chegou um ponto que havia cinquenta vagas de vestibular e só conseguiram quatorze, quinze alunos. Chegaram a se formar seis alunos...a última turma fechou com seis ou sete alunos. Então era difícil manter um curso assim, né!

Vilma: Por que a mensalidade, enquanto algumas universidades acabam reduzindo as mensalidades, o que atrela à Universidade a impossibilidade de abaixar a mensalidade?

Vera Lúcia: Bom, a gente na universidade pública, tem várias leis que nos proíbem de renunciar á receita. Já começa por aí . Esse negócio de receita é extremamente complicado. Para renunciar a uma receita você tem que criar uma outra receita que a substitua (???) do saber. É outra coisa mais importante, é que você contrata por concurso, então você não pode decidir pra contratar por salário menor que é que outras faculdades fazem. Ela manda embora o professor e contrata outro professor por salário menor para diminuir sua despesa. E a despesa maior de uma faculdade está na folha de pagamento. Ela representa (???) 70%. Algumas chegam até a 80%. Então...é uma despesa muito alta. Então , se você corta, diminui a mensalidade você tem...se ela representa 70%, 60% da sua despesa (???). Ela é uma grande despesa. É ... (??) só aí pra você conseguir abaixar sua mensalidade. E também você vai diminuir investimento, não tem a menor dúvida, porque você diminuindo a mensalidade, você não consegue modernizar investindo. É impossível! Então você vai tirar a oportunidade de dar à faculdade a estrutura que o IMES tem, sala climatizada, cadeiras estofadas (???) a manutenção (???) abastecidos. Então, a gente observa...eu que visitei muitas faculdades porque faço parte de um grupo de RH de Ensino Superior, a gente vê assim a situação das faculdades por aí em termos de estrutura: sala de aula (???) antigas, falta de equipamento , o professor tem que pedir pelo amor de Deus para ter retroprojetor, Datashow, pra ter isso, ter aquilo. Então , a gente percebe assim, se você quiser ter tudo isso, um conforto para professores e alunos, não tem como abaixar mensalidade. Você pode tentar evitar (???). E um outro fator: deve aumentar o número de alunos e hoje está difícil para você aumentar o número de alunos devido a grande concorrência que você tem no mercado. Quando nós éramos praticamente quatro ou cinco faculdades aqui na região, hoje nós devemos ter cerca de sessenta, setenta só na nossa região. Então você vê que é difícil.

Vilma: Quantos alunos tem a Instituição?

Vera Lúcia: Atualmente nós estamos em torno de cinco mil e quatrocentos alunos.

Vilma: Houve períodos de ter menos alunos? Qual foi o maior número atendido?

Vera Lúcia: Eu tenho lembrança de (???) e oitocentos alunos (???)

Vilma: O que você fala do corpo docente? Como você avalia?

Vera Lúcia: Olha , depende..( FIM DO LADO A DA FITA).

INÍCIO DO LADO B.

Vilma: Vera, fala um pouquinho agora da sua vida, casamento, filhos...

Vera Lúcia: Eu sou casada, tenho uma filha de dezenove anos, é......meu marido tem uma empresa de representações, minha filha (???) na verdade, tem que fazer alguma coisa, não é?

Vilma: Ela estuda.

Vera Lúcia: Na metodista, Comunicação Mercadológica E...(???) (Ri).

Vilma: Você mora em São Caetano?

Vera Lúcia: Eu estou morando em Santo André. Eu vim para a região do ABC em 1985, quando me casei, porque meu marido já era da região de São Bernardo do Campo, ele e a família dele. Então tinha uma casa em São Bernardo do Campo. Eu morei em São Bernardo até 2000. Em 2001 vim morar em Santo André , no bairro Campestre.

Vilma: É...Essa Instituição parece ter uma tradição de aluno ser professor. É (???)

Vera Lúcia: E funcionário também.

Vilma: E como que isso funciona?

Vera Lúcia: Bom, pelos dois aspectos. Normalmente, o aluno vai ser professor. Eu lembro que uma vez eu estava na pós-graduação, o nosso diretor---na época o professor Silvio falou: “ Vera, fiquei de olho pra mim, (???) dos alunos, tá? Principalmente nesses ex-alunos que terminaram a pós- graduação, competentes.” (???) . Ele dizia: “ Nós temos que aproveitar aquilo que (???)”. É, realmente eles aproveitam muito seus alunos. Normalmente a gente tem muito aluno dando aula, ex-aluno dando aula, tanto aluno da graduação da faculdade. Funcionário! E até uma consequência, porque como funcionário, que pode estudar gratuitamente, é comum também ter funcionários que estudaram no IMES , ou vice-versa. Alunos que acabaram prestando concurso e que trabalharam no IMES também , até em busca de uma bolsa de estudo.

Vilma: Você disse que participa de um grupo de outras universidades...

Vera Lúcia: É o GIPRHES.

Vilma: Como é que funciona?

Vera Lúcia: GIPRHES: Grupo Informal de Profissionais de Recursos Humanos do Ensino Superior. Esse foi formado quase ( dois??) anos atrás. É..tem...é quem idealizou esse grupo foi o Gerson da Universidade Brás Cubas; na época ele (???) com a Metodista e ele nos convidou para participar (???). A Metodista aceitou e nós estamos desde a formatura desse grupo. A gente já chegou a ter sessenta universidades participando. Hoje nós temos, ativamente participando, vinte e um, de cinco a trinta universidades. Algumas do interior de São Paulo-temos Campinas , a Universidade de Taubaté-, também temos do Sul de Minas que vem (???) ás reuniões. Elas ocorrem uma vez por mês e..onde a gente procura discutir aspectos da área de RH do Ensino superior. Por que (???)? Porque tinha um ... uma procura muito grande dar informações da estrutura das universidades. Eram muito fechadas. Os diretores não permitiam, os reitores, que se falasse quanto pagavam , como era a estrutura física, omitiam . Eles achavam que omitindo informações, eles estariam na frente da concorrência. Diferentemente do que aconteceu com a indústria, não é? Em todos os segmentos. A indústria metalúrgica...todas as indústrias se uniram exatamente para dividir informações. Na área acadêmica não tinha isso. Então a gente sofria muito com isso e a gente quis lutar contra isso e a gente quis lutar contra isso. Então , o objetivo desse grupo era trocar informações, unir as universidades, (???) de qualidade. Então esse grupo buscou justamente isso durante muito tempo. Eu nunca deixei de frequentar, frequento até hoje porque eu acho que isso é importante. Relacionamento também é importante, você abre portas, não só na área, outra área dentro da Universidade, que você busca dentro da Universidade e tem aquele serviço (??????) e abre portas em todos os sentidos. Então normalmente a gente faz uma reunião na qual uma pessoa faz uma palestra e no fim da reunião a gente estuda aquilo que (???) na área de RH. E com isso, vários professores já deram palestras, aqui do IMES. Recentemente, a professora Ana Claudia (???) deu uma palestra aqui, de Responsabilidade Social na área de RH e a Comunicação de RH (???).

Vilma: Você tem informação se há uma pesquisa da Instituição para saber por onde andam os alunos dessa Instituição?

Vera Lúcia: Já foi feito. Não sei como está agora, mas o IMES já contratou uma empresa para localizar ex-alunos passados...foi feito um banco de dados para encaminhar para a Associação ( de ex-alunos??)..Me parece que quem fez esse trabalho de manter contato com os ex-alunos..que é uma dificuldade..naquela época (???).

Vilma: Vera, nós acostumamos encerrar nossa entrevista pedindo a você que (???) uma mensagem, um momento livre em que você diga uma mensagem.

Vera Lúcia: Bom, eu como ex-aluna gostaria de deixar, para os estudantes, porque eu acredito que na Universidade, de fato.(????). Porque se você não acredita naquilo que você está estudando (???) você não vai ser um bom profissional. Nosso aluno, mesmo sendo a nossa faculdade, a gente sabe a Universidade que tem, a gente só deve falar bem da Universidade, os pontos positivos. Porque isso vai contar pontos na época profissional. Portanto, ele só deve estudar numa boa faculdade, numa boa universidade, para que ele realmente conquiste o mercado de trabalho. E é difícil a gente ver o aluno falando mal da Instituição. E muitas vezes ele nem sabe como são as outras, porque (???) mal pra ele. Então é melhor ele criticar internamente para melhorar os nossos serviços. Ele tem que criticar e tem que lutar. Mas fora, ele tem que falar bem porque é o diploma dele que está em jogo. Obrigada.     


Acervo Hipermídia de Memórias do ABC - Universidade de São Caetano do Sul